quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Agradecimento público a Juan Luís Cebrían

Venho neste espaço que me foi consagrado colmatar uma enorme falha da actualidade político/social – agradecer publicamente a Juan Luís Cebrían o afastamento de Manuela Moura Guedes e do ‘seu’ Jornal Nacional da antena da TVI.
Para quem não sabe, este senhor é director do Grupo Prisa (Grupo Espanhol ligado às comunicações, com uma dívida de cinco mil milhões de euros), detentor da Media Capital (que por sua vez detém a TVI e também o Grupo NBP, principal empresa de produção de conteúdos para televisão em Portugal).
Este acontecimento levantou grande agitação no panorama político Português, podendo mesmo ter implicação nos resultados eleitorais das próximas eleições legislativas. Tanto o PS como o PSD tentam, como é óbvio, tirar partido político desta situação. Os primeiros dizem que nada têm a ver com o assunto, vitimizando-se e anunciado serem alvo de uma cabala (uma vez que o noticiário era desde há muito criticado pelo actual Governo e considerado persecutório do primeiro ministro), invocando a má relação entre o patrão do Grupo Espanhol e o primeiro ministro socialista Zapatero e o veto de Sócrates à entrada da PT na Media Capital como razões para o sucedido. Já o PSD, obviamente, pede resposta para a questão e o porquê do timing da mesma, acusando Sócrates de participação directa no sucedido.
As verdadeiras razões para este afastamento podem ser várias, desde: - pressões políticas por parte do Governo Português; - a situação tensa com o Governo socialista Espanhol e posterior vingança apontada a Sócrates; - a saída de Moniz da TVI, coincidente com o estoirar do escândalo, possibilitando a este ‘matar 2 coelhos duma cajadada’, comprometendo as aspirações socialistas e debilitando a TVI, permitindo à Ongoing comprar a mesma a preço de ‘saldo’ à Prisa, em posição frágil e a procurar mais valias rapidamente; - a Prisa, farta de perder dinheiro, terá decidido afastar M. Moura Guedes abrindo espaço para uma limpeza da casa, fazendo aumentar as receitas através duma aposta em conteúdos de entretenimento, mais do que na informação, que não gera tantas receitas publicitárias.
Eu sinceramente prefiro acreditar na versão mais lógica, a mesma defendida por Miguel Paes do Amaral (ex- presidente da Media Capital), ou seja: ‘’Este jornal nunca deveria ter existido’’. Segundo o agora director do Grupo Leya: ‘’ Não entendo como é que só agora é que esta decisão foi tomada. Penso que aquele jornal excedia tudo o que era possível em termos de limites do aceitável e que muita gente estava à espera que isto acontecesse mais cedo do que mais tarde’’.
Após se saber da decisão da Prisa, ex-editor da TVI Paulo Simão veio a público acusar José Eduardo Moniz de lhe exigir que alinhasse o jornal que editava com o Jornal Nacional de sexta-feira. O antigo editor que abandonou a estação em Janeiro deste ano, acusa M. Moura Guedes de ‘’sequestrar a liberdade de expressão’’ na estação e os seus anteriores colegas jornalistas que ‘’dizem que não se identificam com o Jornal de Sexta mas que admitem que este exista’’.
Mesmo os que contestam M. Moura Guedes na TVI lamentam que esta saia do caso como uma ‘heroína’, uma vez que o caso terá sempre tendência a ser conotado como censura política e não como uma decisão editorial com a qual estes até concordam.
Parece claro que o timing e a forma como a situação foi gerida é discutível, mas acabar com aquele programa foi um saneamento e uma decisão que só deveria merecer os maiores elogios por parte dos Portugueses que procuram uma informação séria, imparcial e íntegra e que abominam por completo os espectáculos deprimentes e sensacionalistas, misturados com notícias da ‘treta’ e uma apresentadora adequada ao formato mas desadequada do jornalismo sério e honesto esperado. Sejamos francos, em Português que todos entendam, o programa era mau! Por todas estas razões, e sem querer fazer deste assunto uma questão política, porque o entendo antes como uma óptima medida de gestão empresarial, daqui de Portugal lhe envio um bem-haja Juan Luís Cebrian!

Nuno Pinho

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